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A 13 de Maio, Quinta-Feira de Ascensão/Dia da Espiga, e Feriado Municipal em Loulé, realiza-se mais uma edição da Festa da Espiga de Salir. Este ano, a organização apostou fortemente na modernização do evento, nomeadamente em termos de imagem, programação e qualidade dos espectáculos, tornando-a mais atractiva para o público, mas a raiz tradicional mantém-se.
A Festa da Espiga realiza-se em três dias, e o programa será dividido em três noite temáticas - Noite da Espiga (13 de Maio, quinta-feira), Noite Tradicional (14 de Maio, sexta-feira) e Noite Jovem (15 de Maio, sábado). As actividades vão desde os espectáculos de música, desporto, artesanato, animação de rua, iniciativas para crianças e idosos e uma área dedicada à gastronomia com um espaço de tasquinhas de manjares e petiscos serranos. O recinto alargou-se e irá integrar três palcos.
No dia 13, o programa arranca logo de manhã com um Passeio BTT/Passeio Pedestre. As tasquinhas abrem ao público pelas 13h00 e, às 14h00, os visitantes poderão assistir à Mostra de Artesanato "Ciclo do Pão", patente ao público no Posto de Turismo.
O momento alto evento acontece às 15h30, com o tradicional desfile etnográfico. Este ano são 17 os carros que irão participar no cortejo que tem lugar ao longo da principal rua da vila, em representação de toda a actividade agrícola e artesanal da freguesia, em parte que se encontra em vias de extinção, desde as sementeiras, mondas, ceifas, debulhas, fabricação de pão, apanha do medronho e destilação, apicultura e extracção de cortiça, o varejo do figo, amêndoa e alfarroba, artesanato de linho, lã, palma, esparto, cestaria de verga.
O cantautor Nanook vai animar o recinto ao longo da tarde. Segue-se, pelas 19h00, a actuação dos dois mais emblemáticos grupos da freguesia: Rancho Folclórico "As Mondadeiras das Barrosas" e Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão (Cortelha).
À noite, após a apresentação do Grupo de Dança do Ventre da Associação Cultural de Salir, sobem ao palco os grupo Tributo.. Zeca Afonso (22h00) e Gaiteiros de Lisboa (23h15). Depois da música de raízes tradicionais, é a vez do baile com Emanuel Martins, a partir das 00h45.
Na sexta-feira, a tarde é dedicada aos seniores, com a actuação do Rancho Folclórico da ARPI, um baile e uma exposição de produtos regionais. O recinto das tasquinhas abre as portas às 19h00. E à noite, actuam os grupos Quinteto Amar Guitarra & Betty M, Marenostrum e Monte Lunai. A animação prossegue pela noite dentro com o baile tradicional com Gonçalo Tardão.
No sábado, os mais novos poderão participar em diversas iniciativas: Tarde das Espiguinhas, com pinturas, animação e muitas outras surpresas (14h00), workshop de Hip Hop (14h30), lanche infantil (15h30), desfile "Miss & Mister Espiguinha" (16h00), peça de teatro "Galinha Ruiva" (17h00) e actuação do Rancho Infantil de Loulé (18h00). As tasquinhas de manjares e petiscos da serra abrem às 18h30.
A noite deste dia de encerramento vai ser animada pela actuação do Duo Académico (20h00), TUALLE - Tuna Universitária Afonsina de Loulé (21h30), Original Electro Groove (22h00) e OlivetreeDance (23h15). O baile vai ser animado pelo grupo A Cor do Som.
A tradição do Dia da Espiga
Segundo o calendário litúrgico, na Quinta-Feira da Ascensão comemora-se a ascensão de Jesus Cristo ao Céu, encerrando um ciclo de quarenta dias após a Páscoa. Mas neste dia celebra-se igualmente o Dia da Espiga ou Quinta-Feira da Espiga. Sobretudo no Sul do País é tradição as pessoas irem para os campos apanhar a espiga de trigo e outras flores silvestres, fazendo ramos simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver; algumas espigas, geralmente de trigo, simbolizam a abundância, as papoilas, rosas, margaridas e malmequeres a beleza e o ramo de oliveira a paz. Este ramo, em número de combinações variáveis conforme as localidades, pendura-se dentro de casa e aí se conserva durante um ano, até ser substituído pela "espiga" do ano seguinte.
Crê-se que este costume tenha as suas raízes num antigo ritual cristão que consistia na bênção dos primeiros frutos, mas as suas características fazem-no adivinhar origens mais remotas, muito provavelmente em antigas tradições pagãs associadas às festas em honra da deusa Flora que ocorriam por esta altura.
Salir, uma das mais típicas freguesias rurais do concelho de Loulé, faz da Festa da Espiga um dos principais cartazes turísticos e etnográficos da região algarvia.
José Viegas Gregório, criador da Festa da Espiga
A Festa Espiga em Salir teve início no dia 23 de Maio de 1968, organizada pela Junta de Freguesia, mais propriamente pelo presidente de então, José Viegas Gregório, figura carismática e um grande impulsionador da sua terra natal. O sucesso da primeira edição, à qual presidiram o Governador Civil de Faro, Romão Duarte, e o presidente da Câmara Municipal de Loulé da altura, Eduardo Pinto, ultrapassou todas as expectativas da organização.
Desde então, Salir tem feito do Dia da Espiga um grande acontecimento regional, recebendo milhares de forasteiros que aqui se deslocam para apreciar o artesanato, a gastronomia, o folclore, a etnografia, a poesia e tudo o que há de mais genuíno no interior rural do Algarve. A importância que este evento alcançou como cartaz turístico do interior algarvio foi tal que a Câmara Municipal de Loulé mudou para este dia o seu feriado municipal.
Em Salir o Dia da Espiga, que de certa forma marca o início da época das colheitas, assume uma importância especial, uma vez que se aproveita esta data para levar até ao grande público as manifestações tradicionais mais características desta freguesia rural. Os intervenientes neste espectáculo ímpar no país preparam com certa antecedência os seus carros e durante o desfile vão oferecendo alguns dos produtos que transportam.
O cortejo etnográfico e a exibição de poetas populares declamando os seus poemas feitos de improviso e uma vasta exposição de maquinaria agrícola das diversas marcas existentes no mercado são os pontos altos das festividades.
Uma das particularidades da Festa da Espiga é que a população tem ainda a possibilidade de deixar uma mensagem, em forma de poema ou quadra preparada ou apenas de improviso, às entidades governativas presentes, para pedir ou agradecer as obras feitas na terra. Aliás, os executivos da Câmara Municipal de Loulé aproveitam este dia para inaugurar uma estrada, uma escola, uma obra de saneamento básico ou um equipamento de carácter social, contribuindo assim para abrilhantar ainda mais as festividades. Mas quando essas obras não se concretizam, as críticas em tom de brincadeira são lançadas aos responsáveis governativos do município e da região.
*in CM Loulé